Diante da insuficiência do poder público em sanar as mazelas da sociedade e da insegurança demasiada nas grandes e médias cidades, a população ficou refém dos problemas sociais urbanos. O simples ato de sair de casa, seja para se divertir, trabalhar ou estudar, por exemplo, tornou-se uma tarefa crítica.
Estacionar o carro ficou complicado na rotina da população, tornou-se um mercado lucrativo e acirrado entre os guardadores clandestinos de veículos, os famosos flanelinhas. A classe passou a dominar e comandar a rua - um local público - como se fossem os verdadeiros “donos do pedaço”. O motorista, intimidado pela presença desses “profissionais” e com medo se ter seu carro danificado ou até ser vítima de agressões físicas, se vê obrigado a pagar por um falso serviço. Na ficha criminal de muitos guardadores conta práticas de delitos como furto, roubo, agressão e até homicídio.
No Brasil, a Lei 6.242, do ano de 1975, aprovada pelo então presidente do país, Ernesto Geisel, regulamenta a atividade de guardador de carro. No entanto, a função não é legalizada e pode ser considerada crime. Ainda de acordo com a lei brasileira, e apesar de algumas contestações, o ato de pedir dinheiro ao motorista pode ser qualificado como extorsão - a intimidação com o intuito de alguma vantagem econômica indevida -, contravenção - o exercício ilegal da profissão -, formação de quadrilha e loteamento de espaço público. O acusado pode pagar pena de três meses a um ano, podendo ser estendida para até quatro anos.
O trabalho da polícia para conter e coibir tal prática ainda é escasso e ineficaz. A falta de leis que criminalizem a atuação dos flanelinhas permite a perpetuação do ato. “Podem prender os guardadores, mas eles vão voltar para trabalhar nas ruas”, disse Marinaldo Oliveira, presidente do Sindicato dos Guardadores e Lavadores Autônomos de Veículos de São Paulo (Sindiglaasp), em operação do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), que deteve, no mês de maio, 53 flanelinhas nas imediações do Estádio do Pacaembu, em São Paulo.
Não sou motorista, nem vítima dos flanelinhas, mas isso não me faz um cidadão menos indignado diante da atuação dos mesmos. É intolerável perceber que a população ainda é vítima desses bandidos camuflados de “guardadores de carro”. A segurança do povo e dos seus bens materiais em ambiente públicos é de responsabilidade do poder governamental, que mesmo ciente do problema, não toma uma decisão agressiva, definitiva e eficaz.
0 comentários:
Postar um comentário