Passeata de servidores e professores federais na Esplanada dos Ministérios (foto: Antonio Cruz/ABr )
Desde o dia 17 de maio, professores de Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) em todo o Brasil estão em greve. Ao todo, 54 IFES aderiram ao movimento. As últimas foram Universidade Federal da Integração Luso-Afro-Brasileira, a Universidade Federal do Ceará e a Universidade Federal de Minas Gerais, que promete parar suas atividades no próximo dia 19 de junho. Já no dia 11 de junho foi a vez dos servidores federais cruzarem os braços em protesto.
Os docentes reivindicam a reestruturação do plano de carreira, reajuste salarial, melhores condições de infraestrutura e trabalho. Os funcionários possuem exigências parecidas, como o reajuste de 22,08% do salário. O governo planeja apresentar uma proposta até dia 31 de julho, mas a negociação anda a passos lentos. Diversos encontros entre as classes grevistas e o poder público já foram marcados e cancelados. A falta de atitude por parte do governo pode encontrar resposta na reação da mídia a esses eventos. Os grandes conglomerados de comunicação demoraram dias, até semanas para noticiar a greve. Poucas matérias são vistas principalmente nos telejornais e meios impressos de maior audiência e, quando surgem, são superficiais ou preconceituosas.
Salas vazias na Universidade Federal de Pernambuco (foto: Ronaldo Santos / Fotoarena)
Por outro lado, a internet funciona como meio democratizador da informação especialmente nesse caso. No dia 10 de junho, internautas se mobilizaram e fizeram um tuitaço com a hashtag #greveeducação. Enquanto sites e blogs independentes divulgam novos fatos em tempo real, as redes sociais servem como plataforma de discussão, como a promovida pelo Senador Cristovam Buarque, referência em educação, que, em sua conta no Twitter, afirmou que os motivos pelos quais a greve foi deflagrada não são banais, mas a repetição com que esse tipo de evento ocorre é, e, talvez por isso, a mídia não dê a devida atenção ao fato.
Especulações sobre essa negligência, aliás, não são poucas, e variam desde a hipótese de que essa paralisação não afeta as classes mais altas, donas de meios de comunicação mais influentes, até à teoria de que uma abordagem mais séria do assunto proporcionaria uma pressão indesejada sobre o governo. Já o professor do curso de Jornalismo da Universidade Federal da Paraíba, Claudio Paiva, afirma que os empresários midiáticos veem a instituição universitária como uma ameaça aos seus interesses de monopólio, uma vez que a academia é responsável pela produção de conhecimento e crítica da mídia, ou seja, esclarecimento para os que são vitimados pelo sistema midiático brasileiro.
Protesto de funcionários, alunos e professores no Centro do Rio de Janeiro (Foto: Bernardo Tabak/G1)
O fato é que a educação nunca foi e está longe de ser prioridade no país. Ano passado foram cortados R$ 3,1 bilhões do orçamento da educação, segundo o MEC. Esse ano, outros R$ 1,927 bilhões foram cortados da pasta, de acordo com a Andes, o Sindicato dos Docentes de Ensino Superior. Lucas Costa, funcionário público de Recife, publicou no site do Observatório da Imprensa que talvez "não se queira o futuro para o Brasil, mas o agora eternizado". E o país, que passou por um bom momento econômico, mas que sente agora os efeitos da crise mundial, perde a oportunidade de melhorar sua educação.
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